sábado, 15 de setembro de 2012

BÔDA DE PRATA





Na fazenda do sô Baguá
Uma festa ele ia dá
Os moradô da redondeza
Todos eis foi cunvidá...
Boda de prata fazia
E cum tamanha aligria
Ia os amigo ajuntá!
A riqueza que mais tinha
Era a dona Mariquinha
Casô cum ela novinha
Vida intera a lhe ajudá!
Na hora marcada as visita
Cumeçaro intão chegá
Pedro Meu levô um cabra
Vindo de ôtro lugá...
Quando pegô sua mão
Pras boa vinda lhe dá
Sintiu o seu coração
No peito galopiá.
Um sintimento sem nome
Dessis que num isprica o homi
O seu peito feiz queimá!
Num relance de oiá
Quis dentro deles intrá
No brio das duas luiz
Quis ela se incontrá!
Pensô ele cunhecê
Memo sem nunca lhe vê
Nem nunca seu nome iscutá...
A festança correu sorta
Era aligria... era dança
Tanta gente a cunversá...
Mais a dona Mariquinha
Suspirava ali suzinha
Tentano de argo alembrá...
Dispidiu do povo intão
Mais daquele coração
Num quiria se apartá!
Sintia queimá o rosto
Ferveno no corpo o gosto
Do sangue nas veia andá!
O sono inté disistiu
De querê se achegá
Num havia erva-doce
Nem reza pra acarmá!
O desejo é uma tortura
Distorce a arma...disistrutura
Madrugada a matutá...
Aquele rosto ela viu
Aquela presença sintiu
Notro mundo... notro lugá!!!
Sintimento de traição
Apertô seu coração
Virge inté de sonhá!
Arapuca do distino
Boda de prata se ino
O sangue a ferviá...
Quem diria que um dia
No seu sonho aparicia
Ôtro rosto pra sonhá!!!
Alcione Oliveira.