domingo, 3 de fevereiro de 2013

A HISTÓRIA DE ZEFERINO





Zeferino e Zé Batata, amizade sem iguá
Desde piquititinho, os dois a se istimá.
Amizade tão bunita, dos ombro se imprestá,
Na vida nada num teve, os dois a se separá!
Na pobreza cumero junto, o puro arroiz SEM fejão
Na riqueza eis disfrutaro, tudo que havia de bão.
Junto os dois minino creceu,

 mais só Zeferino venceu ,
memo sem istudá.
Banquero de jogo de bicho, cumeçô a inrricá!
Cunheceu uma mocinha, de fazê homi chorá
Feitiço de amô tomô conta, quis cum ela se casá.
Logo intão , em pôcos meis

 ele arresorveu de uma veiz,
Seu sonho realizá!
No dia do seu casório, tanta gente tava lá
Batata é quem num pudia,naquele momento fartá.
Tava junto do amigo, pra aligria aumentá.
No meio daquele gentório ,ninguém por farta foi dá
Da noivinha bunitinha, que saiu dali quetinha
E cum ôtro foi pru quintá!
Na hora de cortá o bolo, prus noivo intão festejá,
Percura a noiva daqui... percura a noiva de lá...
Zeferino pidiu pru amigo, que ajudasse a campiá
A sua piquena prenda, cum que ele foi casá.
Vorta pra dento o amigo, disajeitoso a falá
Que num viu e num sabia, dondi a noiva ia tá.
Zeferino saiu no terrero e cuma cena foi dá
Viu sua amada bejano, um ôtro no seu lugá.
Quando chamô o seu nome,um vurto no iscuro fugiu
Ele puxô a moça prus braço e pra dento conduziu.
Cortô o bolo da má sorte e ali memo ele viu a morte
Os seus sonho vim buscá!
Num teve lua de mel, os dois junto num durmiu
De manhã, logo cedinho, andano nas rua suzinho
Zeferino ansim se viu.
Só passado muitos meis é que foi a primera veiz
Que ele cum ela buliu!
A triste constatação, moça virge num era não
A prenda do seu coração.
Daquele dia por diante, cumeçô ele a bebê
A riqueza que ajuntô, cumeçô pô a perdê
Casa cheia de amigo, cartiado noite a vará
O dinhero só saino, conta de jogo a pagá.
Era bibida e mais jogo, festança a riviria
O que ela num gostava, era o que ele fazia.
Dispensô as impregada, dexô de cum ela falá
Nela ele num batia, mais feiz doto jeito pagá.
Ela que foi seu amô, que sua aligria matô
Disse adeus praquela vida, foi-se imbora, lhe dexô!
Quem inxugô as amargura, sigurô as disventura
E nunca contô o que viu
Foi o amigo Batata, que inté aquela data
De perto nunca saiu.
A vida disgringolava ,ele memo só oiava
Oiava sem nada querê...
Inté nas suas noitada, pensava na eis amada
Nem amô cunsiguia fazê!
A cachaça e a doença, robô dele toda a crença
Em dia mió por vim.
Ele foi definhano aos pôco sem distino e quaji loco
Brevemente foi seu fim.
Morreu Zeferino pobre, homi bão, de arma nobre
Que da vida disgostô.
Na hora de sê interrado, trançano as perna chegô
Arguém que oiano o difunto, chorano muito falô:
Truxe minhas mão, meu amigo; pra arça do caxão sigurá
Pra tua úrtima morada, elas vão te carregá.
Era ele, num era ôtro, que tinha chegado lá,
Era ele, o Batata, que chegô na hora exata
Pru amigo interrá!

Alcione Oliveira.