segunda-feira, 30 de julho de 2012

Bem querença!





Tenho pamodi ocê
Uma benquerença tão grandi
Que eu tenho medo inté de falá
E ocê se assustá
E num querê nunca mais me oiá!
Diz o povo que quando a gente gosta
Mai gosta de verdade, é memo ansim
A genti tem medo de falá
Tem medo inté de pensá
E se vive de sonhá!
Eu vô memo se arriscá
E o meu sonho eu vô contá.
Adispois num se importo
Se ocê de mim se afastá
E num quisé mais me oiá
Purque o meu sonho
Junto com ocê, ocê vai levá!
Meu sonho é uma casinha
Humirdi e pobrizinha
Só memo quarto e cuzinha
Dois condin pra nóis morá.
Na cuzinha um fugãozin
Um fumero e um banquin
Pra em riba dele ficá.
No fumero ispindurada
As tripa de porco lavada
Isperano pra fritá.
As paia de mio secano
As linguiça defumano
E nóis dois a cunversá.
Na paredi uma foinha
Lá da loja da Lazinha
Nóis vai pô pra infeitá.
Nela marcá todo dia
As hora de aligria
Os meis que vai se achegá.
Na pia a taia cum água
Que perto da mina da istrada
Junto nóis foi lá buscá.
Um copo do lado isperano
A frô disabrochano
Que nóis vai nele ponhá.
O nosso cantinho humirdi
Perfumoso há de ficá!
Adispois nóis leva pra santa
Antis que o sór se arrecoia
E vamo cum ela rezá.
Pidi pra ela um fiinho
Um cabocrin bunitinho
Pra junto de nóis vim ficá!
No quarto uma cama istreita
Um radin na cabicera
Pras moda nóis iscutá.
Quando chegá o mininin
Nóis põe ali um bercin
Um jeitu nóis há de dá!
Adispois dele criscido
Nóis já inveecido
Pra Jesuis nóis treis rezá.
Agardecê a riqueza
Que nóis na nossa pobreza
Cunsiguimo adisfrutá
Um fio bunitin criado
Um amô abençuado
E um cantinho pra morá!.
                                                                                                                Alcione Oliveira.

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