sábado, 28 de julho de 2012

Estória de Sinhazinha



No casório de Nhô Zequinha
O carro de boi lá invinha
Trazeno os noivo de pé.
Era promessa de Sinhazinha
Rodá istrada interinha
Cum a imagi de São José.
Devota que era do santo
Feiz seu vistido inguar o manto
Do santo que tinha fé!
Oiava o povo na istrada
Pra todos eis acenava
Lovano São José!
Eu de banda acumpanhano
Os boi que ia andano
Cum passo de num querê í.
Eita que o carro cantava
Eu inté se arripiava
Do canto bunito oví!
Na reta do ispinhero
Já dava pras vista vê
A casa lá da fazenda
Dondi os dois ia vivê.
Chegano na porta da casa
Nhô Zequinha apiô
Pegano a noiva nos braço
Pra dentro de casa levô.
A imagi nas mão da moça
Cum ela tamém entrô
E do lado de sua cama
Foi dondi a imagi ficô.
Artas hora da madrugada
Tempestadi disabô
Um raio bem nessa hora
O casar de noivo acertô.
Os dois corpo que durmia
Do sono num acordô
U nóis bem que se viu
Cumo eis disfigurô.
Tanta coisa adistruída
O ispeio istilhaçô
O santo ficô intero
E a morte os dois levô!
Fazeno o caminho de vorta
Sinhazinha agora morta
No carro que veio, vortô!
O rangê dele se ino
Num era inguar quando vino
Cum Sinhazinha em pé.
Ela agora vai deitada
Pra sua úrtima morada
Cum sua imagi de fé!
Por isso o cantá bunito
Do carro de boi cessô
Cantô um canto isquisito
Prum amô que só cumeçô!.  

Alcione Oliveira.

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