sábado, 28 de julho de 2012

Carta




Essa sodadi marvada
Sodadi intediada
Que faiz eu ansim recordá
Dum tempo bem lá de longe
Quando eu pudia sonhá!
Sonhá cum teus zóio craro
Que só de banda me oiáro
E me insináro a amá!
Quando te vi matutei
Essa cabocrinha eu sei
Num pódi cumigo ficá
Sua buniteza é defeito
Pra mim num vai tê jeito
Se ôtro marmanjo lhe oiá!
Nos caminho dessa vida
Nessa istrada tão cumprida
Eu si pirdi no sertão.
Si imbrenhei no mato adentro 
Si imbrenhei na solidão.
De cumpania teus zóio
Brilhoso quiném a lua
Alumiaro os meus passo
Nos ano de iscuridão.
Vivi suzinho no mato
Quar manso e carmo regato
Que um dia o curso mudô
E nas ruga do meu rosto
O pranto de tanto disgosto
Suas água iscurregô!
Nunca tive nutícia do cê
Nem memo eu sei dizê
Pamodi foi que eu fugi.
Tarveiz a tua beleza
Foi meu sinar de fraqueza
Foi o cumeço do fim!
Num amei mais niguém nessa vida
Adispois que os teus zóio quirida
De banda oiáro pra mim!.


Alcione Oliveira

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