segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A SINA DE MARVINO




Na hora da Virge Maria
Cumeçano iscurecê o dia
Lá do mato nóis ovia
Muitus e muitus gemê
Diz o povo que é o véio Marvino
Que geme pra agradecê
A Virge Mãe nessa hora
Que incurtô o seu sofrê.
Num gostava de coisa errada
Num mintia pra ninguém
Sua força era invejada
Sua leardade tamém!
O boi do patrão foi morto
Pelo próprio seu irmão
Pur ruindeza e marvadeza
E pur crué coração.
Marvino que viu a cena
Os zóio arregalô
Veno caído no chão
O tôro reprodutô!
Se meu irmão subé disso
E eu vié a sabê
Eu corto sua lingua, homi
Nada mais cê vai dizê!
Em casa o patrão chamô
Marvino vem inté aqui
Põe junto a Gaúcha cum Belo
Pras cria pura saí!
Belo se foi, meu patrão
Eu memo interrei lá no chão
O toro morto cás mão
Do crué do seu irmão!
E num passô muitas hora
Do cumprimento havê
In antis memo das seis hora
Marvino tamém foi morrê.
Foi pego numa imboscda
Cinco homi lhe agarrô
As mão teve amarrada
Sua língua eis cortô
Oiano pro céu numa nuve
Viu a santa aparecê
Em pensamento pidiu
Alivia o meu sofrê!
Os boi que pastava quetinho
De repenti se assustô
Marvino pulô na frente
Sua cabeça ismigaiô.
A boiada istorada
Muito longe é que parô
Marvino morto que tava
Só ele na istrada ficô!
Diz o povo que foi a Santa
Que a boiada istorô
Pra livrá do sufrimento
Marvino, ela levô!


Alcione Oliveira.                                                       

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