segunda-feira, 6 de agosto de 2012

ORFEU






Duas criança tão brincano
Eu daqui só tô oiano
E nas asa do tempo eu vô...
Ai que sodadi do Orfeu
Aquele amiguinho meu
Que um dia Jesuis levô!
Nóis curria nas campina
Bibia água na mina
Panhava mamona nos pé.
Nóis cortava os seu talin
Pra fazê os canudin
De soprá boinha até!
Orfeu se ria contenti
Muito branco tinha os denti
Era pretin quiném tisiu.
Meu amigo de istripulia
Do padre nóis dois curria
Dispois que nas pratinha buliu.
Na capelinha iscundido
Inté memo São Binidito
Oiava feio pra nóis.
Se a mãe aparicia
Nóis de santo se vistia
Só de oví a sua voiz.
Pra istudá nóis num era bão
Pra fazê arti um tantão
Cumo nóis era apricado!
Ninguém nunca ficô sabeno 
que foi nóis dois que quebremo
A imagi do Santo, coitado!
Um dia isperei Orfeu
Que pá brincá num pareceu
Eu fui intão inté lá.
Meu amigo indueceu
A mãe ordi lhe deu
Pra num se alevantá!
Nóis pulemo a janela
E no riberão da Parmela
Nóis entremo pra nadá!
Orfeu cumeçô a tremê
Logo adispois a gemê
Arresorvemo vortá!
A febre logo chegô
O seu corpo avermeiô
E eu cumecei a rezá!
Rezei inté sem sabê
Se de tanta arte fazê
Os santo ia memo iscutá...
Eis tava zangado cumigo
Rezei tanto pru meu amigo
E eis nem ovido quis dá!
O sarampo arrecoieu
Foi o fim do amigo Orfeu
Que cum os anjo foi brincá!!!

Alcione Oliveira.


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