quarta-feira, 15 de agosto de 2012

LUBISOMI



Diz o povo que é o Marcelo
Moradô lá do Marmelo
O lubisomi daqui...
Nas noite de lua cheia
A gente inté se arrepeia
Tem medo inté de saí!
Quem óia prêle já vê
Os pelo do corpo crescê
As feição disfigurá...
Ele corre pra dento do mato
E oiano a lua no arto
Ele cumeça a uivá!
Nos denti trais os fiapo
Das coisa pega no mato
Das caça que feiz por lá!
As unha suja que vem
Inté barro dibaxo tem
De tantu o chão arranhá!
Traiz o corpo bem marcado
Dos ispinho intrelaçado
Dos arranha-gato isfregá!
As criança sai correno
Já chorano, só se veno
Ele na istrada passá!
Diz que é a mardição
Do benzedô sô Antão
Por conta da sua paxão
Pamodi a Dinorá!
Ela num quis ele não
Foi se deitá cum Simião
O seu amô comprová!
Oiano o céu tão bunito
Lua cheia no infinito
Antão prometeu se vingá...
Se ocê enchê o bucho
Se teu fio num fô um bruxo
Lubisomi há de virá
Pra ansim a vida intera
Ocê de mim se alembrá!
Acendeu uma vela preta
Ofereceu pro capeta
E cumeçô a rezá...
Dinorá oiô pru céu
Das lágrima puxô o véu
Que os zóio veio imbaçá.
Viu São Jorge tão vermeio
No refrexo do ispeio
Da luz do seu oiá!
Meu santo vê se ocê póde
Na lua se ispremê
Nas nove lua que vem
A cheia num parecê!
Os meis foi se passano
As lua ino e vortano
A criança pra nascê...
Nove lua cumpretô
A cheia no céu dispontô
Quaji quereno istorá!
Meia noite intão bateu
A borsa d´agua rompeu
Pra criança ispursá.
O minino que naceu
Nem um chorinho num deu
Já cumeçô a uivá!!!


Alcione Oliveira.


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