FOTO DA NET.
E A MININA NUS BRAÇU ELE PEGÔ
E FALÔ DIVAGÁ SEM VACILÁ:
ELA VAI SÊ MINHA MUIÉ
PASSE OS ANO QUE PASSÁ...
Na frô da sua idade
Meu amigo se casô
E pra sua felicidade
De treis fia pai tornô.
A impregada Maria
Foi quem delas bem cuidô
Dispois das minina moça
Tamém Maria imprenhô.
Naceu dela uma minina
De pele arva e fina
Oinhu azú cumo o quê!
Eu cunhecedô da história
Arregistrei na memória
Vô contá ela pro cê.
Meu amigo pegô no colo
A minina que nacia
Falô oianu pra mãe
Vô casá cum tua fia...
Passe os ano que passá
Pur ela eu vô isperá
Vai sê minha ela um dia!
Cum o passá do tempo
Da muié divorciô
Ôtras nova parecêro
Cum elas amaziô.
E ansim ele foi ino
Cuma ô côtra siguino
Cum mais ninguém fixô..
Cumpretava sessenta e cinco
Condo argúem lhe cunvidô
Pra sê o seu padim
Num concurso , que ganhô.
Dispois da noite de festa
Foi cum beju que selô
O início do romance
Que ele profetizô
Dizoito ano passado
Quando no dia marcado
Ela no mundo chegô!
Alcione.
Uau!!! Você está colecionando tudo isso para publicar em livro, né?
ResponderExcluirOlá J.F..... Sim meu amigo.Tenho feito o registro de todas na Biblioteca Nacional e futuramente pretendo publicá-las em livro. Se vou ter um número razoável de leitores, não sei... mas o minerêis não deixarei morrer! rsrrssrr...Obrigada pela leitura!
ExcluirQueria que ficasse bem claro, nada sei do dialeto mineiro e tudo o que escreva é exclusivamente o meu sentir!
ResponderExcluirDisse uma vez à autora que achava esta forma de falar e que a Alcione deve fazer um grande esforço para reproduzir em palavras aquilo que era só oralidade e que era de certo modo parecida com os dialetos falados em Luanda, pelo menos uns quatro: o kikongo, o kimbundo, o bailundo e um outro que não recordo!
Mas o que a autora nos traz, não é só um vocabulário próprio e que seria possivel organizar alfabeticamente! Ela dá-nos a conhecer, não apenas a sonoridade da linguagem, através da reprodução gráfica do texto, mas muito mais que isso, é a história nuclear da forma como um certo grupo de trabalhadores seguia a forma de seus antepassados do feudalismo, em que a linhagem era tida em conta e se sobrepunha a tudo! Na maioria da África o casamento tem um valor que de algum modo é definido: o pagamento em gado pelo noivo aos pais da noiva! Nas roças mineiras parece que havia uma posse mal a criança nascia sem outra recompensa! Pode faltar este pormenor! E em outras zonas do mundo a criança-mulher quando nasce já tem um noivo destinado!
Gosto não, mas que outra coisa a fazer senão respeitar a história e os hábitos, muitos deles já extintos pela certa!
Merito grande e que acho devia ser apoiado, por quem não sei, de modo a que fosse feita uma recolha sistematizada da linguagem e da etnologia do Estado de MG. A história do grande país que é o Brasil não começou com a ocupação portuguesa e tambem não com o grito do Ipiranga! É muito mais rica, devia ser muito mais rica, mas apagada e um país sem história é um país abastardado!
Beijos <3 boa noite e bom domingo!